Hipertensão arterial: menos medicação e maior controle

ImageA hipertensão arterial sistêmica é o fator de risco mais comum para mortalidade cardiovascular, e mesmo quando há orientação para tratamento adequado (inclusive com medicamentos), 20% dos casos são refratários mesmo em uso de até 3 classes de antihipertensivos, mantendo valores maiores que 140x90mmHg para a população geral, ou maiores que 130x80mmHg para os diabéticos ou portadores de insuficiencia renal crônica.

Esta parcela deve ter investigação minuciosa para causas secundárias como hiperaldosteronismo, insuficiência renal crônica avançada, estenose vascular renal, feocromocitoma, hiperparatiroidismo, coarctação de aorta  e apneia do sono. Quando não há outra causa identificada, acredita-se que é fundamental na permanência de níveis elevados de pressão arterial  a  ativação de parte do sistema nervoso chamado sistema nervoso autônomo por um “ sistema” que tem como peça fundamental a participação dos rins e a liberação de um agente denominado renina.

Para estes pacientes, que obviamente tem risco aumentado de infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral, perda visual, disfunção renal, etc.. o tratamento ótimo deveria intervir neste sistema “renina-angiotensina-aldosterona”, impedindo que níveis elevados de pressão se perpetuassem.

Este tratamento, denominado “denervação renal por cateter” tem sido amplamente discutido em todos congressos de cardiologia do mundo nos últimos 3 anos, e  finalmente há perspectiva de chegada ao Brasil.

O método tem se mostrado seguro em todos estudos (menos de 2% de complicações), rápido e eficiente, levando a controle dos níveis pressóricos dependendo de menor quantidade de medicamentos.

Os estudos que mostraram beneficio desta técnica foram realizados com pacientes que utilizavam 3 classes de antihipertensivos (incluindo algum diurético)sem controle da pressão, (com valores mencionados acima) ou aqueles que tinham controle mas necessitavam 4 classes de fármaco.

Indicações de denervação renal como tratamento de distúrbios metabólicos/glicídicos, tratamento de arritmias cardíacas e ICC ainda necessitam mais estudos de forma que ainda não há indicação na prática clinica neste momento.

O procedimento é denominado “minimamente invasivo” uma vez eu não trata-s de cirurgia com incisões ou pontos, mas muito parecido com um “ cateterismo”, sendo necessária punção de vaso sanguíneo na região da virilha (femoral) para introdução de cateter, sendo o processo todo visualizado por raio x. O paciente recebe sedação e analgesia para a realização do exame de forma mais confortável.

O cateter introduzido tem em sua extremidade eletrodos que fornecem energia denominada “radiofrequencia”, a mesma utilizada em tratamento curativo de algumas arritmias cardíacas, e nos locais em que são feitas as aplicações há modulação da atividade do sistema nervoso simpático, levando a diminuição da influencia daquele “sistema renina angiotensina” na manutenção de níveis pressóricos elevados.

Vivenciamos há 2 anos em Frankfurt no curso TREND que técnicamente não é procedimento complexo, mas obviamente deve ser realizado por médicos habilitados em intervenções cardiovasculares e com conhecimento teórico prático da técnica. Especial cuidado deve ser tomado  com analgesia e sedação por tratar-se de área sensível, e de fato as compicações agudas do procedmento são muito infrequentes.

Existe o primeiro dispositivo/material aprovado em nosso país pela ANVISA, órgão que regulamenta as novas tecnologias utilizadas no campo da saúde e alguns casos já foram realizados em nosso país com sucesso.

Após décadas de esforço e empenho no desenvolvimento de novos tipos de medicação há no horizonte a perspectiva de controle da hipertensão com tratamento não farmacológico.

Para os que tenham interesse na literatura especializada destacamos os estudos Symplicity HTN-1 e HTN2, publicados no Lancet em 2009 e 2010, além da procura por “revisões” que mensalmente tem sido publicadas em quase todos jornais de cardiologia. Endpoints como mortalidade/eventos cardiovasculares maiores ou evolução de IC devem brevemente ser publicados.

Sobre arritmiacardiaca

cardiologista e arritmologista www.niltoncarneiro.com.br
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Uma resposta para Hipertensão arterial: menos medicação e maior controle

  1. Maria Hoerst disse:

    O tratamento já está disponível no Brasil?

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